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Pai da minha alma, Homem da minha vida, meu grande Herói!

Não tenho uma família muito grande. Sempre fomos só os 4, eu, o pai, a mãe e a avó Mina. O meu pai é filho único, a minha mãe não, mas os irmãos moram longe e a convivência quase não existe. Portanto, fomos sempre os 4 e pronto.

A minha avó, mãe do meu pai, sempre morou connosco e, por isso, a relação que tinha com ela era extraordinariamente próxima. Foi minha mãe todas as vezes que a minha mãe teve de se ausentar em trabalho. E foram mais que milhentas. O meu pai, por seu turno, era quem ficava comigo nas noites em que a mãe não estava e a avó trabalhava. 

Sou menina do papá, sempre fui, com muito orgulho e o meu pai é e sempre foi o homem da minha vida. Tem defeitos, como todos nós, cometeu erros durante a minha infância com um enorme impacto na minha vida actual, mais ao nível da minha estrutura como pessoa mas é um Homem com H grande. Lutador, recto, exigente, brincalhão, inteligente, visionário, idónio, ponderado, discreto... um dos melhores gestores que alguma vez conheci. Oxalá o país em que vivemos fosse governado por pessoas como ele, talvez estivéssemos na mó de cima hoje em dia. 

No entanto, o pai é uma pessoa profundamente doente. Nasceu com um coração "defeituoso", maior que a caixa, com rupturas auriculares e ventriculares, com uma mitral deslocada do sítio, com arritmias e taquicardias, com sopro e insuficiência cardíaca e mais umas quantas que não me lembro. Assim sendo, este órgão é um verdadeiro mutante que foi crescendo cheio de problemas e contaminando os restantes vizinhos do lado...

Não me vou alongar, nem entrar em pormenores com respeito, precisamente, à sua discrição. Ao longo da vida fui interiorizando, não sei se sou a única, que os pais são eternos e estão e estarão cá sempre. Como se nunca me passasse pela cabeça perder nenhum deles. Aliás, foi o que sucedeu com a Mina e o banho de água gélida foi enorme. O mesmo acontece com pai, mãe, marido e por aí fora. 

Há uma altura na vida em que os pais deixam de ser pais para passar a ser filhos, porque nos preocupamos com eles mais do que eles connosco, apercebemo-nos que os grandes alicerces não são eternos. E à medida que vamos crescendo e consciencializando que o caminho é um dia estarmos aqui só nós, vamos perdendo bocados da criança que mora em cada um de nós.

Não sei se ainda morro primeiro que eles todos. Talvez, nunca se sabe. Mas a imagem que guardo de estar no carro à porta do trabalho da Mina à espera que ela saísse, enquanto tocava no rádio "A ternura dos 40" do Paco Bandeira, porque naquele dia o pai fazia 40 anos, começa a parecer cada vez mais longe.

A vida é uma passagem muito breve e se há coisa que tenho aprendido é que devemos tentar fazer algo durante o nosso percurso que eu nunca consegui: relativizar. Suavizar. Aliviar. Porque há um dia em que o corredor fica mais curtinho e a caminhada parece precisar de menos passos para ser percorrida.

As homenagens são para ser feitas enquanto cá estamos. E este post é para o meu grande amigo pai. Que se tornou no meu confidente e orientador de vida, que nunca se meteu no que não devia, que sempre respeitou as minhas decisões como mulher e como mãe e, sobretudo, sempre me aconselhou no sentido da minha própria felicidade, ainda que o que me faz feliz o faça infeliz a ele. O Pelicano... 

Pai da minha alma, homem da minha vida, meu super herói. 

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