Como já sabemos, tudo nesta família é sempre muito animado. Não sei como aguento tanto disparate no meu universo e, sim, aprendi a chamar-lhes disparates em vez de azares.
Há umas semanas atrás, decidimos aproveitar uma oferta e ir passar 3 dias a um hotel Clean&Safe. Depois de muita relutância da minha parte - eu que só não bebo lixívia ao pequeno-almoço, porque morreria da cura, certamente - lá concordei e fomos descansar.
Não era, ainda, época alta, mas sabia que o hotel em causa já estava compostinho. Mas fui. Levamos obviamente os pimpolhos connosco e fomos gozar um mimo que há anos não tínhamos.
Correu tudo lindamente, pese embora tenha passado o tempo a queixar-me das pessoas que, tal como já falei antes, parecem não entender muito bem o conceito de PREVENÇÃO e DISTANCIAMENTO SOCIAL. Sobretudo, quando estamos a falar de comida! Oh português esfaimado que tem medo que o mundo acabe e, com ele, todo um rol de alimentos... os pequenos-almoços foram sempre um problema.
Cheguei a ter de esticar um braço para trás e dizer muito friamente: "1 metro de distância, se não se importa, pelo menos... se a comida acabar, eles repõem, acredite em mim, sim?". Mas pronto. Regra geral a coisa correu bem, andei sempre de álcool atrás, evitamos estar perto de pessoas, nunca frequentamos a piscina após as 11h porque começavam a chegar as pessoas, enfim, uma série de coisas que eu creio, todos deveríamos ter em conta.
No último dia, arrumamos tudo para que, na manhã seguinte, pudéssemos fazer o check out tranquilamente. E após um belo banquete ao jantar, fomos dormir. Eram nada mais nada menos que 5h29 da manhã e acordámos em sobressalto com o alarme de incêndio do hotel. Será possível??
O Pedro levantou-se logo, eu, ainda meia cá meia lá, abri um olho, olhei rapidamente para o quarto e decidi naqueles segundos que, a bazar rapidamente, levaria os meus dois filhos e o pc do trabalho. Nada mais. Ouvi imenso movimento no corredor, vejo o Pedro muito atrapalhado com o cenário e decidi que se calhar era mesmo melhor levantar-me. Não sentia cheiros a queimado, nada... mas levantei-me, vesti uma t-shirt e lá fui eu à porta do quarto.
Olhei em volta e... as portas corta fogo tinham fechado por segurança, isolando aquele corredorzinho com 8 quartos. As pessoas, à porta, de filhos nos braços, estavam incomodadas com o barulho ensurdecedor que aquele maldito alarme fazia ininterruptamente. Olhei um dos vizinhos da direita e perguntei: "estamos seguros?". Ele olhou-me espantado, e respondeu: "não sei, digam-nos vocês, o alarme que soa é o do vosso quarto!!"
Fiquei de boca aberta, sem pinga de sangue. Olhei para cima da porta e, com efeito, lá estava a luz vermelha a piscar... o meu quarto, sem eu perceber por que raio de razão, tinha feito disparar o alarme de incêndio do piso?? Não... dá para ser normal? Só uma vez, por favor? Voltei para dentro apressada a aspirar o ar, no sentido de perceber se haveria algo a queimar... nada. Zero. Absolutamente nada. Lá veio o segurança de serviço à noite, atrapalhado que só ele sabia, coitado, nem tempo teve para por a máscara.
Não conseguia desligar o alarme, porque por razões de segurança, só mesmo os bombeiros o poderiam fazer. Eu nem queria acreditar que, nos únicos diazinhos de descanso faríamos aquela figura, a ponto de virem os bombeiros por nossa causa. O homem entrou atrapalhado no quarto, inspeccionou o espaço, encolheu os ombros... e eu segui-o para o corredor onde fiz questão de gritar em alto e bom som que "estávamos todos a dormir, não fumamos, nem temos absolutamente nada ligado!".
Após uns minutos fora do corredor, com uns casais mais velhos, lá vimos chegar os bombeiros. Que vergonha. Não foi necessário subirem, mas já sabiam que era do 211... uf... desligaram o barulho lá de baixo, nem sabemos bem como. Mas o Sr. do casal mais velho fez questão de acompanhar o Pedro até ao quarto e "cheirar" a ver se estava tudo bem. "Cheira a queimado!!" dizia o nosso vizinho do lado. "Não cheira não senhor, não vale a pena inventar, olhe que eu sou muito chato com cheiros, isto deve ter sido uma sobrecarga qualquer do sistema, que aqui não cheira a coisíssima nenhuma!", dizia o "velhote" que acompanhara o Pedro.
Lá voltamos para o quarto, todos nós, na tentativa de àquela hora, 6h35 da manhã, ainda conseguirmos pregar olho. Dormimos todos ao molho na cama de casal, claro está. E, antes de conseguirmos dormir mais 2h, pensei para comigo: estranhamente, nenhum dos meus filhos se assustou. Será que já estão habituados à maluquice que pauta os nossos dias?
São filhos à prova de loucura, claramente!
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