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Como da água para o vinho, não há filhos iguais!

Não vale a pena esperar, idealizar e muito menos, comparar! Não, venha que estudo vier, venham as teorias que me quiserem apresentar, a genética é linda, sim, mas nunca, jamais, em tempo algum, irmãos, filhos dos mesmos pais, são parecidos só por ter o mesmo sangue!

Eu tive apenas dois filhos, até ver, a Maria Leonor que está agora com 8 anos, e o Miguel Maria que vai fazer 18 meses dia 2 de Dezembro.

A Maria berrava quase 24h por dia... não percebíamos o que era, umas vezes cólicas, outras mimo, outras dentes... sei que dormimos a primeira noite seguida, sem interrupções, tinha ela mais de 3 anos e meio. Dormiu sempre no próprio berço, nunca a deixamos dormir na nossa cama. Não era por nada, mas não tínhamos essa tendência, pese embora na grande maioria dos testemunhos que vamos ouvindo, os pais de primeira viagem, pouco habituados ao choro de minutos a minutos, caiam nesta "facilidade" do trazer para o ninho. Nós, não vos sei explicar porquê, fomos implacáveis nisto. A Maria dormia na sua caminha, no nosso quarto até aos 7 meses, no dela depois disso, mas sempre, sempre, na sua cama. 

Sim, levantávamo-nos algumas 100 vezes por noite. Sim, depois de a colocarmos no quarto dela custava muitíssimo mais... levanta, deita, deita, levanta. Uma canseira. Quase 4 anos sem dormir não é para todos e sabem os pais que, como nós, tiveram aves raras nocturnas. 

Até aos 3 anos, a Maria Leonor estava doente semana sim, semana sim. Um tormento, minha rica filha. Otites, bronquiolites, meringites bolhosas, amigdalites. Houve para todos os gostos. Lembra-me de ligar ao Professor Dr. Lincoln da Silva, o pediatra dela, e chorar por um remédio milagroso que me deixasse descansar, que a deixasse parar de ficar doente, que nos deixasse trabalhar mais do que 3 dias por mês... ele sempre me respondeu: "Sílvia, calma, respira. Quando atingir os 3 anos, a Leonor conseguirá a maturidade do sistema imunitário e eu prometo que tudo isto passa...". E foi. A partir dos 3 anos a Maria estabilizou, finalmente. E até hoje, nunca mais nos deu estes momentos de coração apertado.

 O Miguel Maria, por seu turno, é um bebé silencioso, calmíssimo, que só chora quando tem fome ou fralda suja. Agitado para entrar no sono, mas só acorda 1 única vez às 4h da manhã para mamar. Só que não. Tudo isto acabou quando o Miguel aos 4 meses entrou na Creche. O rapaz parece ter sido alvo de uma estranha lavagem cerebral e, neste caso, desde Outubro de 2019 que nem eu, nem o pai, dormirmos uma noite seguida. Já fez, portanto 1 ano. Cama dele? Nada disso!! Quando tivemos a Maria Leonor, eu tinha 29 anos, o Pedro tinha 34. Agora temos 37 e 42, lá aguentamos não dormir???? Vocês são é doidos.

Eu quero lá saber das teorias dos maus hábitos! Eu já nem me lembro que fui implacável com esta história de dormir quando fui mãe de primeira viagem... o Miguel dormiu no berço até começar a gritar de 15m em 15m! Depois disso: VALE TUDO! Até dormir um de nós na sala para ele estar mais à vontade na nossa cama, catano! 

À Maria, de mau feitio, dizíamos: Não, não, Maria, não mexe aí. Ela estrabuchava 10 segundos e acatava a nossa ordem, distraindo-se com outra coisa qualquer. Obviamente, na grande maioria das vezes, outra coisa qualquer que implicava repetir novamente que não, ali também não se mexia. Mas acatava. Ponto final. O Miguel Maria faz-se de surdo, tendo-nos inclusivamente levado a pensar que teria algum problema de audição, tal não é a capacidade de ignorar o que lhe dizem, caso não lhe agrade. "São bebés, não percebem!" Os bebés sabem é muito!

A Maria nunca na vida me caiu ao chão. O Miguel com 2 meses fez uma fractura parietal direita com luxação parietal esquerda e ficou 72h internado... a Maria nunca na vida me tirou NADA das prateleiras. O Miguel Maria até a grelha da lareira de ferro pesado conseguiu arrancar! A Maria Leonor nunca enfiou os dedos nas tomadas. O Miguel Maria arranca os protectores e chama-nos para o vermos deitá-los ao chão. A Maria começou a andar apoiada aos 8 meses, sozinha aos 12 e desde os 6 que falava. O Miguel Maria começou a andar 3 passos de cada vez aos quase 12 meses, sozinho aos 13 e falar... bom, falar a sério ainda ansiamos pelo dia...

A primeira palavra da Maria Leonor foi, obviamente, "mamã". O Miguel disse "Mia" como primeira palavra... o que é normal. O que não é normal, é o Miguel dizer Mia (Maria), Nhô (Leonor), Manha (mana), pis-pis (passarinho), papa (comida), pau (pão), bô (bolo ou bolacha), aua (água), oiá (olá), papá (não comento), aide (Adelaide - auxiliar favorita da Creche), bó (bola), abó (avó/avô), nha (não), ão-ão (ão ão ou cão), miá (miau), mu (das vacas), buuuu (dos fantasmas), papat (sapato), pé, cai (caiu), nhuá (não há) e, COCÓ... sim o meu filho disse cocó antes de dizer mãe caramba! E quando lhe pedimos para dizer mãe, a primeiríssima coisa que ele faz é dizer que não com a cabeça... enfim. Tinha a Maria mau feitio, coitadinha da menina...

A Maria não queria comer, nunca. O Miguel Maria manda abaixo 3 pratos de sobremesa de bolonhesa se o deixarmos. A Maria só quis beber água aos 8 meses. O Miguel bebe água desde os 4, porque não mamou mais que isso...

A Maria adormecia no carro, o Miguel quer é rua. Enfim...

Filhos iguais, não há! Simplesmente, os filhos são seres humanos, com personalidade e não, não são apenas o reflexo do que lhes ensinamos. Até porque não estão 24h sobre 24h com os pais apenas.

Por isso, tenho uma peste de mau feitio que é, agora, uma artista sonhadora e meiga, que preza o seu sossego e o seu espaço. E tenho um memé mansinho que se transformou, até prova em contrário, num furacão absolutamente chanfrado.

Como da água para o vinho, não há filhos iguais!

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