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O delicioso caos da maternidade, do qual todas nos queixamos, mas pelo qual todas somos gratas!

O Professor da Maria Leonor costuma dizer "casa desarrumada é casa com vida!". E ele tem razão. Há um caos muito próprio em casas com crianças e todas, todas as Astronautas como eu, se queixam dele. Mas nenhuma, de certezinha, conseguiria, já, viver sem o dito cujo.

Quem consegue ver o fundo ao cesto da roupa suja, ponha o dedo no ar!

Quem consegue arrumar uma divisão sem que ela fique novamente conspurcada assim que se chega à divisão seguinte, ponha o dedo no ar!

Quem mais vem do trabalho perdida nos seus pensamentos, a delinear todo um plano organizadinho daquilo que vai fazer quando chega a casa e, 45 minutos depois de chegar ainda anda de mala ao ombro, a fazer tudo menos o que pensou?

Quem olha para a sua casa ao fim de semana e pensa: vou fugir em 3... 2... 1...? São mil e uma situações que penso que são comuns a todas nós...caso isto não seja comum a todas as mães que trabalham, catano, então eu afinal dou a mão à palmatória e sou uma verdadeira nódoa.

Começa quando recolhemos os putos da escola. A mais velha vem toda verde... o mais novo vem amarelo... a arte... a arte! Chegamos a casa. Cheira a .... mofo... claro que cheira! Porque a máquina apitou ontem à noite, mas eu estava de tal modo cansada que deixei tudo lá dentro mesmo... toca a lavar de novo com uma quantidade generosa de amaciador... 

Enquanto isso, preparamos o banho, a ver se os putos voltam à cor normal. Entro na sala e... não... não pode ser... eu fui só pôr a máquina a lavar e preparar o banho... como é que as almofadas do sofá já estão no meio do chão e todos os brinquedos fora do cesto???

Ok, arrumamos rapidinho antes dos banhos. Banho... banho... agora está quente, agora está fria.... raios me partam, os nós do cabelo e a espuma nos olhos do mais novo. Sigo para o quarto com a mais velha, ele segue com o mais novo. Ele grita que se desunha, parece que o estamos a matar. Ela fala... fala... fala... e inventa jogos com quebra-cabeças que eu instintivamente aceito e respondo mas... confesso: não ouço um terço sequer. Já não sinto o cérebro.

Todos vestidos, desembaraçar cabelo, secar cabelo, aquecer jantar. Boa, a mesa está posta, o maridão adiantou-se. Sentamos à mesa. Um não gosta, o outro quer comer sozinho. O pai não quer, ele grita, eu acabo por lhe por o prato à frente.... "deixa, Pedro, limpa-se no fim, não o faças gritar, ele tem de aprender bolas!". E lá comemos e metade cai ao chão e o pai reclama porque se suja tudo e a irmã ri-se e ... quando chega a hora de dormir mesmo?

Okapa. Um levanta a mesa, o outro limpa o chão e... então mas as almofadas já estão no chão e os brinquedos espalhados fora do cesto?? O Pedro trata da louça, eu fico com os meninos. Arrumo tudo, porque ninguém brinca com tudo ao mesmo tempo, certo? Atrás de mim, pequenos passos. Eu boto dentro do cesto, ele tira e mete no chão. Ela ri-se. Ele também. 

"Comecem a pensar que têm de dormir... são 20h55... vamos lá, amanhã é dia de escola!". Mas ele está excitadíssimo e grita vrummmmmmmmmmmmmmmmmm pela sala fora a correr. E as almofadas seguem o seu rumo natural que é o chão... "assim não consigo mãe!!!". CHEGA, tudo para a cama, acabou. "Adê" (adeus) diz ele. "Adeus mamã", diz ela. 

E nas duas horas que se seguem, papá e mamã soam vezes sem conta. Senta, levanta, levanta, senta... adormeceram, finalmente.

Sentamo-nos no sofá exaustos porque antes disto houve um dia de trabalho com entregas de 300kg, atendimento ao balcão, orçamentos, e eu sei lá mais o quê. Olha... o apito da máquina... esquece... vou dormir... amanhã lava outra vez...

O delicioso caos da maternidade... can't live with or without it... :)

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