Sigo religiosamente um perfil no Facebook que se chama "Ser Super Mãe é uma Treta" (para quem não a conhece https://www.facebook.com/sersupermaeeumatreta). Ontem, ao ler uma das suas publicações, inspirei-me. Mais uma astronauta a sentir "exactaqualmente" o mesmo que eu. Vá lá... não sou a única...
Digam o que disserem, a vida foi criada para ter um molde, um funcionamento natural e normal. E uma das coisas que inventaram, foi as escolas. Por muito bons pais que sejamos, os miúdos devem, repito, DEVEM estar na escola. Porque é lá que têm todas as condições e especialistas para realizarem o seu percurso de aprendizagem. Já lá vai o tempo em que 9 irmãos ficavam com as mães em casa e, tantas vezes, iam atrelados com ela trabalhar para o campo. Os nossos dias não se compadecem com metodologias destas, feliz ou infelizmente e, como tal, sempre que em casa, os miúdos parecem ficar... diferentes.
Este período é, de novo, uma prova de fogo. E não, eu não acho uma seca ter os meus filhos comigo, porque são rabugentos, barulhentos, respondões, ou porque desarrumam tudo imediatamente depois de eu arrumar, ou porque berram como malucos sempre que eu estou ao telefone com um cliente. A questão é: quando estão na escola, estão equilibrados. E quando vêm da escola, eu posso ser A mãe deles, privar do pouco tempo - mas de qualidade - que temos juntos, fazendo as coisas que sõ as mães sabem e conseguem fazer.
Pensei que neste novo confinamento tudo iria ser diferente. Eu iria ter sempre uns minutos só para mim. Quero fazer uns Tabata em casa, para manter a forma, já que deixei completamente de treinar e a forma começa a arredondar... só que não. Porque sempre que faço um tabata num T2 de 80m2, faço-o na sala, onde há espaço. E ao fim destes meses todos sem me mexer não... não consigo fazer um treino com um peso de 15Kg agarrado às minhas pernas... portanto desisti.
Também prometi a mim mesma que não iria passar os dias de telefone preso entre a bochecha e o ombro, enquanto a mão livre arruma brinquedos espalhados até à casa de banho... mas não sou capaz, até porque se eu não o fizer, frequentemente tropeço neles e praguejo. Sim eu praguejo, ainda que em voz baixa, para aliviar a alma e o peso que toda esta pandemia me coloca nas costas.
"Vais manter a calma, sempre, e não vais gritar!". Esta deverá ter sido das maiores piadas que tentei prometer a mim mesma. Mas, tal como diz a autora do blogue acima, esqueçam. Eu também grito e sim, eu também estou farta de mim até aos olhos, exactamente como ela. E também penso, consequentemente, se eu estou... faço ideia todos eles, aqui confinados comigo...
Todos os dias balanço entre a mãe que sou e a mãe que gostaria de ser. Será melhor dar-lhes um tablet para as mãos durante 3h e deixá-los simplesmente ali, em silêncio, enquanto rapidamente faço todos os contactos que preciso e todas as contas e todos os orçamentos e todos os emails...? Ou tiro-lhes o tablet porque sempre fui contra este método e continuo a fechar-me no WC para conseguir ouvir entre guinchos os meus clientes? Não sei. Não faço a mais pálida ideia.
O que eu sei, é que quando vivíamos num mundo dito normal - sendo que esta normalidade é muitíssimo relativa - eu não me sentia tão exausta. Não me perdia com pensamentos destes e, acima de tudo, não me sentia tão culpada. Esta coisa da culpa é tramada. A culpa de estar sempre a trabalhar - com o único objectivo de manter a minha empresa aberta para os poder sustentar - e não poder estar tão presente, pese embora estejamos todos encerrados na mesma casa.
Ainda bem que tenho um Super Pai em casa, que me apoia, que troca a fralda do mais novo e o muda de roupa logo de manhã, enquanto eu já estou em linha com alguém que precisa não se de quê. Mas, a realidade é que, mais uma vez, a história se repete. Mais uma vez, em confinamento, não é a mãe que troca a fralda, ou adormece o bebé para a sesta, ou prepara o lanche da mais velha. Porque a mãe está a tentar agarrar uma empresa de quase 40 anos a quem deve um respeito imenso. "Mas atenção! Os filhos são mais importantes!!" dizem alguns. Pois são, e é precisamente por eles que faço isto. Não temos os dois emprego... só eu tenho. E esta empresa, este terceiro filho, é a única esperança, a única alternativa...
Por isso, em confinamento, não só os filhos ficam xalupas, porque alteram completamente o seu comportamento, como nós, Mães, também ficamos. Também nós temos de nos dividir em mil, actuar em vários papéis deste teatro de vida que nos impuseram. E cada dia que nasce é uma montanha russa de emoções. E cada dia que acaba e que revemos dentro da nossa cabeça, fica tão aquém do que gostaríamos de ter sido... como mulheres, como mães.
Não vale a pena... cada um faz o que pode, com amor, sempre.
E, astronautas da minha órbita, eis o momento em que tudo começa. Em que acordamos às 7h de um domingo porque a cabeça não pára, aproveitamos para escrever no blogue e ao longe, já ouvimos coisas a cair no quarto dos miúdos e risos baixinho... vamos lá, mais uma voltinha no carrossel da vida de 4 confinados.
Bom resto de fim de semana a todos!!
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