ET Family, esta semana está que está: "Mas onde é que tu vives, Sílvia Pereira Dias? Vai mas é para casa pá!"
Eu juro que tento ser uma pessoa normal, que não faça sempre sempre sempre figuras, onde quer que vá, por onde quer que passe, ou sempre que abra a boca. Mas, há qualquer coisa em mim que atrai situações completamente despropositadas e verdadeiramente parvas!
Sábado acordei super cedo. Aliás, o meu corpo tem um maldito relógio e, seja semana ou fim de semana, confinados ou não, às 6h está on. Nada há a fazer quanto a isto. Então, Sábado, não foi diferente, e às 6h lá abri os olhos.
Ainda tentei enganar-me permanecendo quietinha na cama, a ver se o sono pegava de novo, mas a cabeça a mil não se calava, com mil e uma ideias, perguntas, questões e, para não me chatear a sério com ela, acabei por me levantar.
Vim para o computador, pesquisar umas coisas que precisava para a empresa e, mais ou menos às 8h olhei para o relógio e pensei: "ok, vou vestir-me, calçar os meus ténis velhos e rasgados e vou dar uma volta a pé. Estou sempre a queixar-me que não tenho momentos só meus, eles estão todos a dormir, certamente não virá mal ao mundo. Aproveito, passo no super às 8h30 em ponto que está tudo na sorna e trago leite!".
E foi o que fiz. Saí de casa e fechei os olhos por breves instantes ali, ainda na escada da entrada do condomínio... ah... que delícia. Ainda que de máscara, sem a qual não saio nunca até me dizerem que o zombie morreu de vez, soube-me pela vida aquela luz, aquele quentinho, aqueles raios de sol na cara.
Fui caminhando pela zona, estava frio, mas um sol impagável. Ao fim de alguns minutos, estava a chegar ao super mais perto. Tudo deserto, porta ainda fechada, mas faltava pouco para as 8h30. Aguardei à porta, a olhar o céu e a apanhar sol. Às 8h32 em ponto, o segurança que me observava há algum tempo lá de dentro com cara de parvo, dirige-se à porta.
Por acaso já me estava a enervar aquela expressão, mas tudo me enerva e portanto deixei-me de coisas... mas quando ele chegou à porta e eu me preparei para entrar, percebi perfeitamente o porquê de ele estar incrédulo a olhar para mim e, mais do que tudo, admirei-o por não estar a rebolar-se no chão a rir às gargalhadas na minha cara.
"Bom dia, menina, hoje é Sábado", disse ele muito sério a olhar para mim já de pé dentro do super. "É, sim senhor", disse eu a controlar-me para não ser brusca... "Pois, e aos sábados abrimos às 9h, a menina sabe disso, não sabe? Desde o início do confinamento que assim é....".
O sorriso que eu tinha na cara desapareceu e o sol pareceu-me pôr-se na hora. Fiquei de tal modo envergonhada que só me ocorreu dizer: "ah.... mas eu levantei-me mais cedo porque achei que era sexta... eu estou completamente xalupa, perdão!". Ele sorriu, disse-me que não havia problema, e virou-me as costas.
E eu fiquei ali, a pensar: mas onde é que tu vives, Sílvia Pereira Dias? Vai mas é para casa pá!!!
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